Um tiro pela culatra

Por Paulo Sergio 30/06/2019 - 08:58 hs

Médico veterinário por formação, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, parece não saber ministrar – na dose certa – o remédio capaz de amansar o Congresso Nacional. Na selva em que deveria reinar, ele acumula reveses. Não bastasse ser o mais esvaziado ministro da Casa Civil da história recente do País, Onyx virou um articulador que desarticula. Bate cabeça com o Legislativo, emite declarações desencontradas e desagrada a integrantes do próprio governo. “Onde já se viu um ministro desses na Casa Civil?”, abusou do trocadilho um colega de ministério que pediu para não ser identificado.

Parlamentares insatisfeitos com o estilo do ministro de conduzir as negociações com o Congresso já o apelidaram de Toque de Midas, ao contrário. Tudo em que ele toca, vira pó. Tudo sobre o qual ele fala, acontece o contrário. Não faltam exemplos. O mais recente deles custou muito caro ao governo, por se tratar de uma promessa de campanha. No dia 10, Onyx disse acreditar que o Congresso não iria alterar o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro que ampliava e facilitava o porte e a posse de armas de fogo no País. Bingo! Deu-se o inverso. O tiro do chefe da Casa Civil saiu pela culatra. Quando a matéria chegou no Senado, ela foi derrubada tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, quanto no Plenário. O núcleo da articulação política do governo ainda tentou reverter o cenário na Câmara, mas ao perceber que a situação era amplamente desfavorável, o ministro-chefe da Casa Civil resolveu recuar.

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Agora, a aposta do governo é a edição de um projeto de lei sobre o assunto, bem semelhante ao decreto presidencial. Em suma, o texto propõe, por exemplo, autorizar o porte de armas a qualquer pessoa que exerça atividade profissional de risco ou que comprove ameaça à sua integridade física. “Agora vai”, teria prometido Onyx ao presidente. O ministro pode morrer de novo pela boca. A nova cartada desagradou até mesmo integrantes da Frente de Segurança Pública, mais conhecida como bancada da bala, que reúne parlamentares de vários partidos que trabalham pela flexibilização das regras sobre posse e porte de armas.

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